O clima político da Câmara dos Deputados entrou
em ebulição, logo depois que a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF),
ministra Cármen Lúcia, enviou para aquela Casa a denúncia formulada pela
Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Michel Temer que o acusa de ter
praticado corrupção passiva.
Partidos da situação e da oposição
apressaram-se em analisar qual seria o comportamento de cada um dos seus
membros que fazem parte da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
A ordem geral é retirar da CCJ aqueles membros considerados
pouco confiáveis e indicar para seus lugares outros que votarão conforme
orientação do partido.
O PSB, por exemplo, já trabalha para substituir
dois dos seus membros na CCJ, enquanto o PSDB, que faz parte da base aliada,
mas, costuma ficar em cima do muro em casos complicados como este, decidiu
liberar a sua bancada, ou seja, cada um dos seus membros votará segundo a sua própria
consciência.
A denúncia contra Michel Temer, aliás, já foi
lida para um plenário quase vazio da Câmara dos Deputados, na tarde desta quinta-feira, 29, pela 2ª secretária, deputada Mariana Carvalho, e o acusado – Temer jamais imaginou ser chamado de
acusado em tão pouco tempo –, após devidamente citado, terá até 10 sessões legislativas para
apresentar a sua defesa.
Concluída todas essas formalidades, as
atenções dos brasileiros estarão voltadas para a CCJ da Câmara dos Deputados, palco inicial da discussão em relação à autorização para o STF processar Temer, que deverá elaborar o seu relatório e
encaminhá-lo para o presidente da Mesa Diretora, Rodrigo Maia, aliado de
primeira hora de Temer, a quem cabe colocar a matéria na pauta.
Se o plenário da Casa autorizar a abertura do
processo, Temer será afastado por até 180 dias, enquanto o Supremo Tribunal
Federal julga a denúncia da Procuradoria-Geral, sendo substituído nesse tempo - que suprema ironia - pelo presidente da Câmara dos Deputados, deputado Rodrigo Maia.