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quinta-feira, 29 de junho de 2017

A VELHA POLÍTICA DO PÃO E CIRCO CONTINUA ATUAL

Durante o apogeu expansionista do seu império, Roma promovia eventos diários para distrair turbas de famintos que perambulavam por suas ruas.

No Circus Maximus, que tinha capacidade para mais de 250 mil expectadores, lutas de gladiadores, corridas de bigas e espetáculos deprimentes de leões devorando prisioneiros levavam multidões ao êxtase.

Antes dos espetáculos terem início, carroças adentravam na arena, carregadas de pães, para serem jogados à plateia.

Os imperadores romanos utilizavam-se desses expedientes escabrosos para distrair e manter as pessoas sob o seu controle e, assim, manter de pé o grande império romano que chegou a estender-se por....

As práticas empregadas pelos imperadores, para manter a população sob o seu controle, ficaram conhecidas como a política do “pão e circo”.

Quase dois mil anos se passaram, mas a velha política concebida na Roma Antiga continua atuante, desta vez sendo utilizada por prefeitos municipais que, em detrimento de outras prioridades, como investimentos em educação, saúde, saneamento básico e fornecimento de água potável, prefere investir recursos públicos promovendo festas populares destinadas a agradar a população.

São, pelo menos, quatro os eventos alvo dos prefeitos: carnaval, festejos juninos, festa do padroeiro e emancipação do município.

A grande maioria dos recursos são gastos sem que se tenha feito sequer um processo licitatório, ou quando o mesmo é realizado, são flagrantes os casos de certame viciado.

A população desses municípios, que deveria indignar-se com tanto desperdício de recursos, parece viver na melhor cidade do primeiro mundo e aplaude a gastança do governo municipal, colocando o prefeito na galeria dos grandes realizadores.

Menor sorte terá o gestor público que resolver priorizar o atendimento às necessidades básicas dos seus munícipes em detrimento dos festejos populares; muito provavelmente, se for disputar a reeleição, será derrotado por um candidato que prometerá realizar os eventos cancelados por ele.

Resta saber de quem é a culpa, se do prefeito oportunista que busca a popularidade com ações populistas, ou da população que prefere divertir-se a resolver questões sociais importantes.

Apesar do afago às suas massas, Roma caiu diante da realidade fática, consumida pela corrupção desenfreada, por lutas internas pelo poder e por invasores inimigos.


Qual será o futuro dos nossos municípios que insistem em agir como Roma agiu na antiguidade?