Durante
o apogeu expansionista do seu império, Roma promovia eventos diários para
distrair turbas de famintos que perambulavam por suas ruas.
No
Circus Maximus, que tinha capacidade para mais de 250 mil expectadores, lutas
de gladiadores, corridas de bigas e espetáculos deprimentes de leões devorando
prisioneiros levavam multidões ao êxtase.
Antes
dos espetáculos terem início, carroças adentravam na arena, carregadas de pães,
para serem jogados à plateia.
Os
imperadores romanos utilizavam-se desses expedientes escabrosos para distrair e
manter as pessoas sob o seu controle e, assim, manter de pé o grande império
romano que chegou a estender-se por....
As
práticas empregadas pelos imperadores, para manter a população sob o seu
controle, ficaram conhecidas como a política do “pão e circo”.
Quase
dois mil anos se passaram, mas a velha política concebida na Roma Antiga
continua atuante, desta vez sendo utilizada por prefeitos municipais que, em
detrimento de outras prioridades, como investimentos em educação, saúde,
saneamento básico e fornecimento de água potável, prefere investir recursos
públicos promovendo festas populares destinadas a agradar a população.
São,
pelo menos, quatro os eventos alvo dos prefeitos: carnaval, festejos juninos,
festa do padroeiro e emancipação do município.
A
grande maioria dos recursos são gastos sem que se tenha feito sequer um
processo licitatório, ou quando o mesmo é realizado, são flagrantes os casos de
certame viciado.
A
população desses municípios, que deveria indignar-se com tanto desperdício de
recursos, parece viver na melhor cidade do primeiro mundo e aplaude a gastança
do governo municipal, colocando o prefeito na galeria dos grandes realizadores.
Menor
sorte terá o gestor público que resolver priorizar o atendimento às
necessidades básicas dos seus munícipes em detrimento dos festejos populares;
muito provavelmente, se for disputar a reeleição, será derrotado por um
candidato que prometerá realizar os eventos cancelados por ele.
Resta
saber de quem é a culpa, se do prefeito oportunista que busca a popularidade
com ações populistas, ou da população que prefere divertir-se a resolver
questões sociais importantes.
Apesar
do afago às suas massas, Roma caiu diante da realidade fática, consumida pela
corrupção desenfreada, por lutas internas pelo poder e por invasores inimigos.
Qual
será o futuro dos nossos municípios que insistem em agir como Roma agiu na antiguidade?