O impeachment de Dilma Rousseff deu-se, não em função das chamadas pedaladas
fiscais, ainda que boa parte da população brasileira tenha sido levada a
acreditar que um crime perverso contra as finanças públicas tenha sido
praticado por ela, mas, pela trama engendrada por um grupo que ficou conhecido
em Brasília como “Os Cinco Porquinhos”, formado pelo então vice-presidente
Michel Temer, pelo então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e
por três outros ligados a Temer, Geddel Vieira Lima, Eliseu Padilha e Moreira
Franco, todos eles do PMDB.
O grupo, conforme foi tornado público pela divulgação
da gravação de uma conversa havida entre o ex-presidente da Transpetro, Sérgio
Machado, e o senador pelo PMDB, Romero Jucá, decidiu montar um escabroso esquema com o
objetivo de frear a Operação Lava Jato, mas, para tanto, seria necessária a
derrubada de Dilma da presidência da república.
Freada a operação policial que tem tirado o
sono de tantos políticos e empresários desonestos, acostumados a solapar o
patrimônio público em proveito próprio, os “Cinco Porquinhos” acreditavam que
tanto os membros do grupo, como os seus aliados de primeira hora, se livrariam das garras da
Procuradoria-Geral da República, deixando para integrantes do Partido dos
Trabalhadores (PT), do ex-presidente Lula ao tesoureiro do partido, Vaccari
Neto, a força da espada da justiça.
Michel Temer trabalhou intensamente, na Câmara
dos Deputados e no Senado Federal, para conseguir os votos necessários à
decretação do impeachment da então presidente, oferecendo aos parlamentares a
garantia de que, com ele à frente da presidência, tudo se tornaria mais tranquilo
para os envolvidos nos escandalosos esquemas de corrupção investigados pela
Operação Lava Jato e que a crise que o país atravessava naquela momento seria
estancada em pouco tempo.
O impeachment foi levado a bom termo mas, o resto do plano foi um fracasso total.
Deu tudo errado porque “Os Cinco Porquinhos” não tiveram poder suficiente para barrar as investigações e ainda sofreram na própria carne os resultados da operação.
Deu tudo errado porque “Os Cinco Porquinhos” não tiveram poder suficiente para barrar as investigações e ainda sofreram na própria carne os resultados da operação.
Eduardo Cunha e Geddel Vieira Lima estão
presos, e as prisões de Eliseu Padilha e Moreira Franco é questão de tempo,
segundo analistas políticos acostumados com os bastidores da política em
Brasília.
Quanto a Michel Temer, o seu futuro está nas
mãos dos deputados federais que podem conceder autorização ao Supremo Tribunal
Federal (STF), para abrir processo contra ele, decretando, dessa forma, o esfacelamento
total do “Os Cinco Porquinhos” que assumiu o comando máximo do país na certeza
que seus crimes, e dos seus aliados, seriam jogados para debaixo do tapete.