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segunda-feira, 17 de julho de 2017

O ESCANCARADO ESCÂNDALO DO TOMA LÁ DA CÁ

Acompanhar o cotidiano da política nacional, especialmente no recente quadro de turbulência generalizada, quando ocorreram, em um curto espaço de tempo, a condenação do ex-presidente Lula, pela prática de corrupção passiva e lavagem de dinheiro; a prisão e a soltura de um dos mais próximos interlocutores da presidência da república, Geddel Vieira Lima; e a votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados do parecer sobre o pedido para abertura de processo contra Michel Temer, tem levado a população brasileira a presenciar cenas dignas de uma autêntica republiqueta de ares provincianos.

Para conseguir a maioria na CCJ, e assim derrubar o parecer do relator, que já supunha que seria favorável à concessão da permissão para abrir o processo contra Temer, o governo federal investiu pesado em duas frentes.

Primeiro fez com que os partidos aliados substituíssem membros na Comissão, cujos votos não eram contabilizados como favoráveis, por outros mais confiáveis, o que garantiria número suficiente para derrotar o parecer do relator e aprovar outro, redigido por um deputado aliado e de confiança.

O segundo passo foi abrir as torneiras do Tesouro Nacional e liberar recursos, oriundos das emendas parlamentares, para os deputados aliados despejarem nas suas bases políticas, dando, como contrapartida, o voto contrário à abertura do processo.

O resultado não podia ser outro; vitória retumbante da stuação.

Restou à oposição esbravejar e bater às portas do Supremo Tribunal Federal (STF), numa tentativa desesperada para que a Corte Suprema impedisse a substituição dos membros da CCJ, no entanto, numa espécia de lava às mãos à moda Pilatos, a presidente do STF, ministra Carmen Lúcia, disse que o assunto era da alçada do Poder Legislativo e, portanto, não cabia ao Executivo interferir na questão.

Atônitos e divididos quanto à legalidade dos atos praticados pelo governo federal, muitos brasileiros se perguntaram se a estratégia levada a efeito pelo Palácio do Planalto era legal, principalmente depois que tomaram conhecimento quanto ao montante de recursos liberados para os deputados federais.

Que é legal, talvez não tenha como se discutir, mas, seguramente, é imoral e, dessa forma, necessário se faz que medidas sejam adotadas para que tais fatos não voltem a ocorrer, ou seja, que parlamentares sejam substituídos numa determinada comissão porque poderá votar contra interesses do governo.

Do mesmo modo, a liberação de emendas parlamentares deve seguir um cronograma pré-estabelecido, para que não seja utilizado como moeda de troca entre membros do Poder Legislativo e o governo federal.


A política deve seguir o exemplo do que ocorre nas grandes tragédias, quando medidas de proteção e segurança são implementadas, para se evitar que fatos semelhantes venham a acontecer novamente.