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sexta-feira, 23 de junho de 2017

ENTRE O PRESIDENCIALISMO E O PARLAMENTARISMO

Sempre que uma crise política instala-se no país, a classe política brasileira retira dos subterrâneos do poder um projeto salvador, cujo objetivo imediato resume-se à implantação do regime parlamentarista. 

O parlamentarismo, como todos sabem, retira os poderes do Presidente da República que passa a ser uma espécie de rainha da Inglaterra, com atribuições meramente protocolares, como, por exemplo, receber as credenciais dos embaixadores designados pelos países amigos.

Ou seja, idêntico à posição da rainha da Inglaterra, que reina, mas não governa, o Presidente da República, no regime parlamentarista, preside, mas não governa.

O Brasil, por sinal, já viveu duas experiências parlamentaristas.

A primeira ocorreu no segundo reinado, consequência da abdicação de dom Pedro I em favor do seu filho, Dom Pedro II, que ainda era menor de idade.

A segunda, na crise desencadeada com a renúncia de Jânio Quadros, no ano de 1961.

Os militares, sempre eles, colocaram veto à posse do vice-presidente João Goulart, o Jango, que foi eleito pelo voto direto, uma vez que a legislação da época exigia o voto para o presidente e o vice-presidente que, inclusive, podiam ser votados em chapas distintas.

Para contornar o impasse, os congressistas adotaram o regime parlamentarista, aprovando o nome de Tancredo Neves para ocupar o cargo de primeiro-ministro.

O regime parlamentarista caiu dois anos seguintes, quando, por convocação do presidente Jango, os eleitores foram às urnas e votaram, em plebiscito, a favor da volta do presidencialismo, restabelecendo, portanto, as prerrogativas constitucionais ao Presidente da República.

Importante, lembrar, ainda, que a Constituição de 1988, atualmente vigente, previu a realização de um plebiscito, para que os eleitores decidisse qual sistema de governo o país adotaria, se presidencial ou monarquia, e qual o regime, se presidencialista ou parlamentarista.

Em ambas as situações a primeira opção venceu por larga margem de vantagem.

As duas últimas crises políticas vivenciadas pelo país tiveram o condão de trazer de volta a velha discussão sobre a implantação do parlamentarismo, considerado por muitos como um antídoto eficaz para a solução de crises como as ocorridas no atual mandato, exercidos por Dilma Rousseff, que teve o seu impeachment decretado pelo Senado Federal, e por Michel Temer, que agoniza politicamente, mergulhado em acusações de práticas corruptas.

O regime presidencialista é exercido em, em praticamente, toda a América, com exceção do Canadá, que adota o parlamentarismo, enquanto este sistema é amplamente aplicado na Europa, seja o sistema de governo presidencial ou monarquia.

O que pesa a favor do parlamentarismo é que, em situações como a crise política atual do país, o parlamento seria dissolvido e novas eleições convocadas, muito embora, em seguidas situações, o primeiro-ministro anterior, caso o seu partido reconquiste a maioria das cadeiras e consiga formar uma nova coalizão política, permaneça à frente do governo.


Em resumo, tudo fica na mesma e a solução da crise não passaria de uma figura de retórica.