Não é só o parecer do relator Sérgio Zvelter, ou a provável debandada do PSDB e do DEM, ou, ainda, as articulações promovidas nos bastidores, pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, que atormenta a vida de Michel Temer.
Ocupantes do primeiro escalão do governo já dão como certa a sua queda e negociam com Maia uma possível permanência no poder.
Rodrigo Maia tem o aval do presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati, para ocupar a presidência, pela via direta, e está trabalhando nesse sentido.
Nesta segunda-feira, 10, enquanto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) era lido o parecer e proferido o voto do relator, Maia reunia-se com o Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
A conversa entre os dois não podia ser outra: a permanência de Meirelles à frente do Ministério da Fazenda e o prosseguimento das reformas enviadas pelo atual governo ao Congresso Nacional.
Enquanto isso, Temer, encastelado no Palácio do Planalto, buscava, desesperadamente o apoio de deputados federais, para tentar salvar o seu mandato.
Só não sabe ele que no palácio tudo conspira contra a sua presença por lá.
Na verdade, Temer vive um momento parecido com o que passou João Goulart em 1964, quando militares da sua "confiança" tramavam o golpe que iria derruba-lo, um andar abaixo de onde ficava o seu gabinete presidencial.
Rodrigo Maia conta como certo que será eleito presidente pelo Congresso Nacional e cuida de preparar a montagem do seu Ministério.
Temer sairá do Palácio do Planalto abraçado a Eliseu Padilha e Moreira Franco, se estes ainda estiverem por lá.
O seu governo acabou e o país viverá uma nova e dramática experiência, ao ser comandado pelos conservadores Democratas, apoiados pelos não menos conservadores tucanos; pelo menos até o final de 2018.
Isso se o PT e o PMDB não voltarem a se unir e começarem a entoar o "Fora Maia" e comandaram a aprovação, na Câmara dos Deputados, da abertura de processo contra ele no Supremo Tribunal Federal (STF), para julgar denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Aos brasileiros mortais só restará aguardar as eleições de outubro de 2018.
Quem sabe não acontece por aqui algo parecido com o que ocorreu nas últimas eleições gerais da França?
A eleição de um presidente não alinhado com a velha política e um Congresso Nacional completamente renovado.