Inconformado
com a derrota nas eleições de 2014, o senador Aécio Neves entrou com
representação contra a chapa Dilma/Temer e começou a minar a base de
sustentação do governo no Congresso Nacional, conquistando o apoio de alguns
caciques do PMDB, capitaneados pelos senadores Romero Jucá e Renan Calheiros.
Na
sequência, outros partidos da base aliada bandearam-se para o lado da oposição
comandada pelos tucanos e a base política da então presidente Dilma
desmoronou-se a tal ponto que resultou no seu impeachment.
Michel
Temer, que, nos bastidores, de olho na cadeira presidencial, incentivava
parlamentares próximos a ele a aderirem à debandada política, assumiu o governo
na certeza que completaria o mandato interrompido da ex-presidente Dilma e,
acreditando na recuperação da economia, se credenciaria a disputar a reeleição
em 2018 com chances claras de vitória.
Bastava,
para tanto, afastar dois concorrentes fortes, Aécio Neves e Lula.
O
primeiro cairia com a delação de pretensos aliados do mundo empresarial (Temer
confiava em Joesley Batista) e o segundo seria varrido pelas mãos do juiz
Sérgio Moro.
Deu
tudo errado para Temer.
Ele
é que está prestes a cair em razão da delação de quem acreditava ser o seu
aliado e ser processado e condenado, se a Câmara dos Deputados conceder
autorização para tal, pela Suprema Corte do país.
O
seu futuro político, ainda que claudicante, está nas mãos dos deputados
federais, já que só eles podem salvá-lo da bancarrota.
E
se assim o fizerem, a fatura custará muito cara a Temer e, talvez, ao país,
afinal de contas, a exceção dos aliados mais próximos, poucos serão os deputados
federais que votarão a seu favor sem qualquer contrapartida.
A
fatura a ser cobrada será alta e o governo obrigar-se-á a escancarar o cofre,
liberando recursos para os parlamentares torrarem em suas bases eleitorais.
No
entanto, livre de um possível processo, a vida de Temer estará longe de ser das
mais tranquilas, pois ele ficará refém da Câmara dos Deputados e não passará de
um fantoche no Palácio do Planalto.
Se
quiser sair para a queda de braço com os parlamentares, como tentou fazer
Fernando Collor de Melo, não escapará de um impeachment, seja por qual alegação
for, como aconteceu com Dilma Rousseff.
Em
resumo, Temer pode até livrar-se de um processo por corrupção passiva, mas,
jamais terá liberdade e tranquilidade para governar.