Pesquisa recente, divulgada pelo Instituto Datafolha nesta
segunda-feira, 03, sinaliza que, aos poucos, a sociedade brasileira vem se
dando conta de que, mais uma vez, caiu no conto do vigário, como sempre, armado
por políticos inescrupulosos que querem chegar ao poder a todo custo, mesmo que não tenha o apoio da maioria da população.
Foi assim em 1930, quando os militares derrubaram
Washington Luís da presidência da república e ajudaram Getúlio Vargas, que fora
derrotado nas urnas por Júlio Prestes, a assumir o poder do qual só sairia em
1945, por força de pressões exercidas pelo próprio núcleo militar que o apoiou
no início.
O mesmo Vargas seria pressionado, novamente, em
1954, e preferiu o suicídio a ser destituído por apoiadores de Carlos Lacerda
que armara uma tentativa de golpe para derrubá-lo do poder.
O mesmo Carlos Lacerda que tentou impedir a
posse de Juscelino Kubitschek na presidência da república, em 1955, através de
uma tentativa frustrada de golpe, com o apoio de setores da Aeronáutica.
Como
governador do então Estado da Guanabara, Carlos Lacerda foi um dos líderes
civis do golpe de 1964 que tomou o poder do presidente constitucionalmente
eleito, João Goulart, na esperança de que assumiria a cobiçada presidência da
república, sob as bênçãos dos militares.
Deu tudo errado, porque, daquela vez,
os militares resolveram que eles mesmos é que assumiriam o poder e deu no que
deu; anos de ferrenha ditadura militar que, dentre tantas arbitrariedades
cometidas, baniu vários políticos da vida pública, inclusive o próprio Lacerda.
Michel Temer, com o apoio de setores
importantes da economia brasileira, tendo o então poderoso Eduardo Cunha como executor político da estratégia montada para desestabilizar o governo Dilma,
preparou o golpe vitorioso de 2015 e assumiu o poder.
A população, mais uma vez ludibriada por
notícias falsas plantadas por parte da imprensa conivente, como fizera em 1964,
apoio o golpe vitorioso.
Agora que a realidade vem à tona, bate o arrependimento,
mas Inês é morta.
Fica, porém, a lição mostrada por esses e outros tantos
episódios políticos que sempre colocaram em risco a sempre frágil democracia
brasileira.
O voto soberano da maioria deve ser respeitado e crises políticas, como de resto ocorrem no
mundo todo, já está demonstrado, não se resolve, simplesmente, apeando o titular do poder por força
de uma canetada, mas, através do voto popular, a não ser que o presidente tenha cometido crime de responsabilidade